quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

CHAPADA DOS VEADEIROS


     O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros fica no estado de Goiás no distrito de São Jorge. A região é famosa pelas belezas naturais como cachoeiras, águas termais, animais e as formações rochosas. Rica em cristais da região e à venda em várias lojinhas, compreende os municípios entre São João da Aliança ao sul e Cavalcanti ao norte , ainda Colinas do sul ao oeste até a região central onde fica a maior cidade Alto Paraíso de Goiás. Natureza à flor da pele.
     Saímos de São Paulo pela Rodovia Anhanguera em dupla demotos para visitar a região e sem maiores planejamentos. Visitar, conhecer, curtir e registrar. Muito ouvimos das cachoeiras e da famosa "energia" do lugar. Pegamos um pouco de chuva rápida no caminho mas foi tranquilo. É até bonito de ver as nuvens de chuva carregadas cruzando as estradas. Confesso que procurava um pouco disto. Entre sol e chuva quase não usamos  a capa. Pousamos a primeira noite em Cristalina, mais da metade do caminho. Uma cidade comerciante de cristais. Não gostamos nem um pouco da parte hoteleira. Preços muito longe do que chamamos de conforto. Chegamos sob chuva forte e cansados. Ficou parecida como estas cidades bandoleiras do velho oeste que não se importam com o viajante. Hotel caro e com pouco a oferecer.  No segundo dia de viagem visitamos as joalherias, e assim,  comprados os mimos para as esposas, partimos.
     Seguimos viagem passando ao lado de Brasilia sem entrar na cidade. Meu colega Alexandre quase precisou usar o combustível reserva que carregava em galão, devido a falta de gasolina em um posto chave no nosso caminho. Apesar disso, chegamos em Alto Paraíso em grande estilo. Com chuva de um lado e sol do outro. E nós secos e sem capa. Foi divertido usar o mapa do GPS calcular a velocidade da moto, a direção das nuvens, o sentido da estrada  evitando as nuvens de chuva isoladas. A magia de Alto Paraíso nos contagiou ao ver o sol nos verdes campos misturado as montanhas rochosas.
Portal da Cidade Alto Paraíso
     Passamos pelo portal da cidade que é um disco voador e estava sendo enfeitado como uma árvore de natal. Conhecemos uma avenida que tem de tudo. Diversos restaurantes, lojas esotéricas, mercadinhos e seguimos até ver as casas de moradores, pousadas, hotéis. Acabei achando um hotel que alugas seus flats com ótimo atendimento e acabamento. Ainda assim digo que a cidade é pequena, simples e muito calma. Estacionado na porta do flat eu estava deixando a bagagem no quarto e um grupo de araras Canindé cruzou o céu acima do hotel. Parte da cidade que eu estava beirava a mata, foi quando senti que estava no lugar certo.
     No hotel existem painéis de fotos e explicações de como chegar aos pontos turísticos, tal qual é no CAT, Centro de Atendimento ao Turista. É possível contratar guias e até mesmo um carro 4x4 para visitar regiões mais difíceis. Para nós isto seria o último caso, nossas motos queriam rodar . 
     Conhecemos o aeroporto da cidade pois procurávamos um lugar alto para fotografar o por do sol. De lá nos indicaram seguir até o limite do município passando uma placa que indicava o paralelo 14, o mesmo que atravessa Machu Pichu no Peru, e chegamos no MIRANTE DO POUSO ALTO, ponto mais alto do Estado de Goiás - 1.676 m. Paramos na estrada e tivemos belas imagens do pôr do sol bem ao lado do Parque Nacional. Entre uma montanha e outra, com distâncias de menos de 5 km, tínhamos a sensação de nuvens carregadas de chuva e logo depois do céu limpo. Esta época de final de ano inicia a estação chuvosa na região. A melhor época para visitar o local é no meio do ano na estação de seca.
     No outro dia seguimos até São Jorge distrito pequeno mas cheio de atrativos. A estrada esta toda recém asfaltada. O caminho limpo e solitário com o visual de formações rochosas, é muito lindo. Em determinado momento, antes de chegar, tive de parar pois ali estavam vários morros logo após um bosque de Buritis que acompanhavam um rio. Parecia algo de cinema feito por computador. Inevitável procurar um dinossauro naquele visual. Como se eles ainda existissem. Ali vislumbramos sem saber que era o morro da baleia.
Vale da Lua
     Nesta estrada asfaltada já existem diversas opções de passeios. Optamos pelo chamado Vale da Lua. De longe no caminho, vendo os paredões rochosos, avistei duas fendas enormes que pareciam ter sido cortadas da montanha, me despertaram grande curiosidade. Será possível que alguém foi até aquele lugar ?
     Pois foi minha surpresa chegar ao vale da lua e perceber que fica exatamente  abaixo destas fendas da montanha cheias de vegetação.  O Vale da Lua é um lugar onde o rio passa entre as pedras com formações que lembram um queijo suíço. Ou , por assim dizer, a Lua. A mágica que a água fez. Com as motos chegamos quase a 200 metros do local e depois seguimos a trilha a pé. Cachoeira presente e área para mergulhar.


Prosseguimos o passeio para São Jorge onde esta uma das entradas para o Parque. Depois de São Jorge a estrada é de terra batida. Bastava seguir em frente em direção a colinas do sul para visitar outras cachoeiras, outros locais de passeio. Passamos em frente ao sitio arqueológico da pedra escrita com inscrições pré históricas gravadas na pedra a beira do riacho. Passamos também pela cachoeira  Raizama e Morada do sol que estava fechada pelas chuvas ocorridas. Depois voltamos para alto Paraíso e visitamos a cachoeira dos cristais. Ali, varias cachoeiras que levam ao grande final no véu de noiva. A maioria destes lugares são explorados turisticamente e cobram a entrada variando de 10 a 17 reais. Conhecendo a cachoeira dos cristais encontramos o dono da cachoeira da água fria, de uma fazenda vizinha, que nos convidou para visitar o lugar. No dia seguinte atendemos prontamente o convite e visitamos Água Fria , uma cachoeira  de imensa queda para um desfiladeiro. Chegamos pelo alto sem ver onde é o final. O pessoal pratica rappel no local.
Bar Rota 118
     Todo o momento nos sentimos com ares de fazenda , de interior, de tranquilidade. Nosso gosto era andar de moto e a cada mudança de lugar curtíamos as curvas e as descobertas.  
    Fomos convidados para a inauguração de um hotel  em Alto Paraíso que pretende atender mais exclusivamente a motociclistas. Possui toda a estrutura temática de marcas de moto e estilo das duas rodas. Bar com shows a beira da rodovia. Chama se Rota 118 Motorcycle Bar.
Cachoeira do abismo
Mais um dia e voltamos a São Jorge, fizemos  a trilha do abismo com vista para a chapada. Foram 3 km andando. As motos ficaram em uma espécie de portal de pedra e trocos de madeira. Deixamos algumas coisas nos bagageiros das motos que não ficam trancados. Alguém por la passou, revistou tudo e nada levou. Seriam E.T.s ? A trilha do abismo também é cobrada. É preciso de um pouco de experiência em trilhas para estes passeios. A cachoeira do Abismo é uma queda de água que forma pequenas lagoas na pedra da montanha. O contraste esta na água transparente junto com a  o  abismo em queda com visual de desfiladeiro. Tem um funcionário no meio da mata esperando para cobrar e são mais tranquilos quanto ao horário pois no Parque Nacional só pode entrar até as 12 hs. Nesta trilha do abismo também é possível seguir ao local chamado janela com visual da cachoeira do Parque Nacional.
   




Águas quentes

     Na estrada até colinas do sul fomos até as águas termais. Fica aberto até as 22 hs. São três piscinas em pedras interligadas com água corrente natural e aquecida.
Uma ótima dica é almoçar em São Jorge no Restaurante Buritis. Como a propaganda diz , você come muito bem e gasta pouco e o melhor, você recebe as dicas da chapada diretamente do dono Messias. Ele nos mostrou suas fotos em diferentes épocas de todos os locais turísticos. Estão em posters espalhados no restaurante. Achei melhor perguntar a ele do que no CAT. Lá também já virou um hostel mas se for preciso algo mais sofisticado Seu Messias disse que indica hotel local.
Estrada de São Jorge para Colina do Sul
   Opções de hotel são variadas e a comida da região foi de maneira geral muito boa. Não encontramos com nenhum E.T. mas fotografamos paisagens, conhecemos muita gente boa, entramos em diversas cachoeiras, e principalmente , estradas boas com retas e curvas deliciosas. O que mais achamos de esotérico na cidade foi a nossa sensação do tempo. Perdemos a noção totalmente. Apesar de tudo perto o dia passava rápido, acho que a calmaria estava no ar e não tínhamos pressa em nada.  
     A cidade de Alto Paraíso possui um único posto de combustível , ali ficam também poucas lojas , entre elas conhecemos o Tom Ervas . Uma loja de produtos fitoterápicos que é bem conhecida pois estávamos com encomenda de São Paulo. Comprei um sabonete para crescer cabelo de cinzas de plantas da região , se funcionar, eu volto buscar mais. Também recebi dois tipos de folheto com diversos pontos a serem visitados. Um do Messias e outro do CAT. O que diferencia mais na escolha dos passeios é a sua disposição para caminhar entre trilhas e quantos dias você tem para conhecer a região. Acho que 5 dias são necessários mas se ficar mais, também valerá muito a pena pois são muitas opções. Em uma visita de moto pela região será inevitável utilizar percursos de estrada de terra. Trechos pequenos de 3 km , até trechos na média dos 20 km. Sem a presença de muitas chuvas , evitando lama, são estradas de terra , diria que frequentáveis.
     Voltando para São Paulo fizemos nosso pernoite em Catalão. O pernoite no  "Mara turismo Hotel"  fomos muito bem atendidos. No Café da manhã ainda perguntei a garçonete se estava havendo algum evento no hotel para um café da manhã tão bem servido.   
     Nossa viagem foi de 2800 km no total. Não tivemos problemas mecânicos nem dificuldades maiores. Nosso retorno que foi mais cansativo pelo clima mais frio com chuvas mais acentuadas no trecho Minas e São Paulo.  

Pousada Casa Rosa
http://www.pousadacasarosa.com.br
Rua Gumercindo de morais . Alto Paraiso de Goiás / GO -  Tel (62) 3446-1319

Rstaurante Hostel Buritis - Vila São Jorge / Alto Paraíso / GO - Tel (62) 9848-3063
site: restauranteburitis.com.br

Road House Rota GO 118 Motorcycle Bar - Alto Paraíso de Goiás / GO - Tel (62) - 3446-1558

Mara Turismo Hotel
Av. José Marcelino 925 - Catalão / GO
http://www.maraturismo.com.br/


Águas quentes

Entrada para Pedra Riscada


Entrada para o Abismo



Véu da noiva na Cristal





Vale da Lua


Morro da Baleia



Pousada Casa Rosa




Portal da Cidade
Rota 118















Vale da Lua

Cachoeira do Abismo






Mais fotos no video do Youtube 


sábado, 28 de junho de 2014

De São Paulo ao Uruguai em 5000 km.

Copa do mundo marcada no Brasil e eu acelerei para o Uruguai.


     Saímos no dia 12 de junho , dia inicial da copa pela facilidade de um quase feriado. Partindo de São Paulo de madrugada para atingir o sul do Brasil. Com o inicio do inverno, já era sabido que o frio seria companheiro de viagem e o preparo foi antecipado. Roupa de baixo conhecida como segunda pele, blusas de forração , casaco de motociclista e a grande amiga das chuvas e ventos , a capa de chuva. Logo no inicio da Rodovia Regis Bitencourt tive de colocar a capa de chuva pela garoa. Com o desenrolar da viagem o tempo melhorou e foi possível até curtir a tão temida serra do cafezal , que estava em obras, mas com uma paisagem linda iluminada pelo sol e céu azul. Estávamos em duas motos e o nosso objetivo era atingir a cidade de Tubarão em Santa Catarina. Chegamos a noite , foram mais de 800 km para o primeiro dia. Chegamos durante o jogo do Brasil. Cidade vazia e o Hotel que ficamos, todos assistiam a copa.
Tubarão - SC

Pesca do Camarão em Laguna - SC

Dificuldade do segundo dia a caminho do Uruguai.

Segundo dia pretendíamos Santa Vitória do Palmar pois ficava bem próxima do Chui mas optamos a estrada que passa entre a lagoa dos patos e o oceano, fomos até o final da BR-101. Seria melhor aventura ir de balsa em uma estrada cênica. Descobri uma estrada precária, cheia de trechos esburacados e os trechos que se valiam de asfalto liso faziam bolsões de água na bitola da roda de caminhões. Defeito de pista que ali tem muito. Isto aliada ao frio de 5C e uma forte chuva que nos assombrou batendo de frente no trecho final de 200 km até a balsa de São José do Norte . Foi estressante pois não havia nenhum abrigo ou posto. Determinado momento em que tive problemas com minha viseira que embaçava muito apesar do pinlock só consegui abrigo em um ponto de ônibus no meio da estrada para arrumar o capacete sem molhar muito.  Foi, sem dúvida, o pior dia de viagem por ser mais sofrido. Mas não menos divertido. Vai entender ! Chegamos debaixo de chuva e mãos congeladas a São Jose do Norte, achamos a última balsa para o Rio Grande. Ela partia em minutos  e atravessamos a lagoa anoitecendo. Como sempre motos e receptividade local viajam juntos e a tripulação que tinha um participante de motoclube da região nos deu novas dicas como a de não seguir viagem pela reserva do Taim pois estava anoitecendo e o perigo de animais na pista era grande. Aportamos no Rio Grande, a cidade que notei mais o sotaque gaúcho. Neste trecho minha polaina rasgou e molhou muito minha bota. Grande idéia do meu colega Fábio , assamos a bota no forno do hotel. Secou ! Incidentes do improviso. Dia seguinte antes da partida , loja de acessórios de moto para comprar antiembaçante e polaina nova , novos amigos , novas dicas. Preços muito parecidos com as lojas em São Paulo. A moto com malas é sempre um cartão de visita e de apresentação.
Não entre sem camisa diz a placa

Balsa São Jose do Norte

Balsa


Free Way - Osório - RS

Secagem das botas no fogão em Rio Grande - RS


A fronteira

Partimos meio tarde para o Chui passando pela reserva do Taim em sol com céu de brigadeiro.  Vislumbramos por alguns kilometros aquela região rica de natureza com uma área pantanosa e muitos pássaros. Diversos animais mortos na pista . Muitos deles eram capivaras. Estranhamente havia uma coloração azul e verde nos corpos como uma tinta , de início achei que era algum tipo de bolor mas depois larguei esta idéia. Ainda não sei quem pintou parte dos animais mortos na pista parecia uma espécie de controle de marcação. Chegando ao Chui parada na fronteira para cambiar nossa moeda em pesos uruguaios , na fronteira fizemos a entrada na imigração uruguaia documentação da moto em nome do condutor, RG ou passaporte. E , é claro, pesos. Mas notei na viagem que dólar é muito bem aceito e o real também, principalmente em Montevidéu .
Com o tempo escasso pela programação , adentramos no país irmão pela Ruta 9, dirigindo nesta ótima estrada,  passamos pelo forte Santa Tereza para fotografar. Local muito bem arrumado e de valor histórico impressionante. Quadros, artefatos como armas de fogo, espadas, uniformes  militares e as perfeitas maquetes de tantas fortificações uruguaias da colonização. Conservação da grama até as paredes do forte impressionam. Foi como voltar no tempo e vivenciar a dificuldade e bravura da época. Fotografar o Forte foi tão fácil como dirigir nas estradas uruguaias. Um local secular com aparência de novo.

Fortaleza Santa Tereza
Pista de pouso na Rodovia






Uruguai cultural

Seguindo o dia passamos por La Paloma. Ali abastecemos e visitamos o farol ao entardecer. O visual foi muito bonito. Pôr do Sol e farol (El Faro em espanhol) no Uruguai é a combinação perfeita. Abastecemos e chegamos de noite em Punta Del Leste. O frio vinha mais intenso ao entardecer , eu sempre colocava a capa de chuva para manter o aquecimento dirigindo a moto.  
Nosso hotel em Punta já estava reservado, tive a ajuda de um GPS de moto para chegar aos locais. Tive algum tipo de confusão com o nome de ruas e o idioma mas confesso que sem o aparelho seria bem mais difícil. Talvez mais demorado. Neste fim de dia iniciamos nossas aulas de espanhol pois para comer e abastecer as motos hablamos portunhol mas não entendíamos o espanhol falado mais rapidamente. Nada desencorajador apenas detalhes. Nota-se grande empenho dos uruguaios em comunicar-se com os brasileiros . A distância do idioma não é um problema para conhecer o país. No dia seguinte saímos a pé conhecer os locais próximos , monumento do afogado na praia brava , fotografar os dedos gigantes e depois o porto de Punta que tem todo um ambiente todo preparado para turistas junto a marina . Ali um pequeno mercado de peixes a beira das águas se torna um ponto turístico com a alimentação dos leões marinhos pelas rebarbas de peixes já vendidos. Pareciam até pertencentes a um parque aquático de tão acostumados recebia o peixe diretamente da mão do turista que libera uma gorjeta ao vendedor de peixes.  Depois seguimos de moto até a Casa Pueblo. Local turístico que é a casa do artista uruguaio Carlos Páez Vilaró. Seu atelier demorou 36 anos para ser construído e tem arquitetura diferenciada. Nossas motos foram muito bem recebidas em um estacionamento do local e mesmo com malas amarradas fiquei bem tranquilo pela hospitalidade do guarda que tirou até foto da moto. O lugar é emocionante com pinturas , esculturas , livros e um pequeno filme de 20 minutos em que o próprio artista relata suas experiências. Arte e história se fundem em um só lugar. Não é possível fotografar lá dentro mas dali que notei a paixão pelo sol em muitas obras e também na cultura uruguaia pois até a bandeira do país tem um sol.

Punta Del Leste


Casa Pueblo










Porto de Punta del leste

La Paloma
Monumento ao Afogado

Punta del Leste


Montevideu, a cidade grande

Castelo de Pittamiglio
Palacio Salvo
Seguimos pelas estradas de asfalto aveludado para Montevidéu. A capital. Mas antes conhecemos Piriápolis , cidade de praia onde almoçamos com ótimo atendimento um delicioso Chivito, um sanduiche de carne  servido no prato com batatas e salada russa. Depois seguimos para o castelo de Pittamiglio , antigo alquimista e arquiteto uruguaio, construído em 1956. Em Piriápolís é possível contratar guia turístico para visitação acompanhada.
Chegamos de noite em Montevidéu , nosso hotel central não tinha estacionamento , assim deixamos a moto em estacionamento próximo. Passamos o dia seguinte conhecendo a cidade grande a pé. Mas nem por isso deixou de ter charme os monumentos e locais turístico que nos esperavam. Conhecemos Teatro Solis e o conhecido Palácio Salvo na Praça da Independência que foi construído em 1925 . Na época era o prédio mais alto da América do sul, continua majestoso. Seguimos através de um portal pelas ruas de pedestre com feira livre com até o Mercado do porto. Um local turístico com  aulas de tango, artistas plásticos e comércio. Almocei dentro do mercado. Me animei e até comprei uma tela. O ambiente era  limpo e a receptividade que já estava me acostumando. Churrasco e frutos do mar foram nosso almoço mais que bacana. O vinho para acompanhar, claro. Interessante que em mercadinhos perto do hotel é possível comprar vinhos bons e baratos. Era tentador ! Mas estávamos de moto e não de van.



Aula de tango no Mercado do Porto

Obra no Museu Nacional

Fonte dos cadeados


Castelo de Pittamiglio






Queríamos vinho

 No outro dia seguimos para conhecer vinícolas . Saímos de Montevidéu com neblina e muito frio mas antes passamos pela Fonte dos cadeados. Uma espécie de fonte dos apaixonados que ali colocam um cadeado com as iniciais do casal. Bem próximo há uma loja de ferragens muito conveniente. Seguindo para Canelones existem diversas vinícolas. Dentre as escolhidas , conseguimos marcar uma degustação na vinícola Bouza. Ali visitamos a propriedade , aprendemos sobre as uvas e degustamos . Acabei trazendo 2 garrafas. Lembrancinha. As estradas de terra para as vinícolas são bem tranquilas. Seguimos para Colonia Del Sacramento.


Vinicola Bouza
Vinicola Bouza







Rio de la Plata








Pier de Colonia Sacramento

Mapa em azulejo de Colonia a Buenos Aires






Rio de la Plata / Farol e navio ao fundo
Colonia




Lindinha !






Uma cidade que deixa saudades

Chegamos em Colônia como programado antes do entardecer. Cidadezinha que cresce e mantem um ar de nostalgia . Semelhante a cidade de Parati no Brasil possui uma parte antiga que é magnifica. Mas nem tanto como seu pôr do sol que visto do mirante de pedras, afunda no Rio de La Plata. Um estarrecedor efeito de luzes  esparramadas ao céu borrando cores vivas e cativantes. Difícil explicar mas valeu toda a viagem de moto. A cidade possui o Buquebus que liga o Uruguai a Argentina em Buenos Aires. Outro roteiro interessante.
Mas o que atraia muito mais naquele momento era passear por Colonia del Sacramento. Voltar no tempo e sentir nas ruas de pedra, nos bancos e nomes de rua em azulejo , nas luminárias de estilo colonial uma retrospectiva do que foi e do que restou de outro período histórico do país Uruguai. É o centro velho de Colonia del Sacramento com bares e restaurantes a meia luz parecidos com iluminação de velas. Muitas fotos , muitos cães sem dono que se misturam aos turistas estrangeiros. Interessante que estes cães do centro velho adotam os turistas como donos e seguem como se fossem guias por um longo período. Nossas motos maiores se destacavam entre tantas motos pequenas. Colonia possui tantas motos tipo scooters que me marcou . Nunca vi tanta gente de scooter . Tem dos moradores e de aluguel. Perguntei ao gerente do hotel e ele me explicou que todos tem moto para se locomover. Realmente são muitas motos paradas pela cidade. Colonia tem junto do visual antigo muitos locais de compra e restaurantes. Muitos estrangeiros passeiam pelas ruas. Ficamos no Hotel Rivera em Sacramento que acompanhou em charme e hospitalidade o visual da cidade. Com todo aquele frio de inverno Uruguaio , quarto aquecido foi fundamental .
Buquebus
Compras em Rivera - Uruguai
Dia seguinte voltamos em direção ao Brasil seguindo para Rivera fronteira com Santana do Livramento,  Brasil . Maior parte de estrada pela Ruta 5 , planícies livres, verdes e ensolaradas.  Em Rivera o forte são as compras. As motos passearam pela cidade para ir a imigração na saída do País. Aproveitamos para fazer compras. Pelo que vi o forte são roupas e bebidas.
Durante a viagem no Uruguai , não tivemos problemas com postos de gasolina. Minha autonomia era maior que  a moto de meu amigo. Com isso abastecíamos a cada 200 km mas sem dificuldades. Em nenhum momento pediram nossos documentos , somente na entrada do País. Também não usamos colete reflexivo que parece ter sido instituído legalmente mas só vi alguns motociclistas locais em Montevidéu usando. Chegamos em Santana do livramento de noite e quando digo noite represento o frio que congelava muito mais com o final do dia. Três calças e 4 camisas mais capa de chuva para suportar os 120 km/hr de moto no frio em média de 7C. Mas não foi tão ruim . Foi muito lindo de paisagens e estradas convidativas para motociclistas. Liberdade !

Colonia
Colonia
Colonia

Os postos de gasolina no Uruguai oferecem uma gasolina 97 e uma 95 octanos. O preço muda um pouco mas não sentimos diferença no consumo em ambas as motos. A diferença foi sentida em relação a gasolina brasileira. O preço na bomba esta em pesos mas é possível pagar em real , cartão ou dólar. 





Colonia del Sacramento







Energia eólica no Uruguai

Uruguai

 Serras Gaúchas

Nossa volta pelo Brasil até São Paulo incluía serras gaúchas. De santana percorremos até Porto Alegre e pousamos em São Leopoldo e parecia que estava mais frio que no Uruguai. Passamos por Gramado e Canela onde conhecemos a cachoeira do Parque do Caracol e a Parque Vale da Ferradura com um visual incrível do mirante para um cânion de mais de 400 metros e o rio "Cai" seguindo o vale com forma de ferradura. Saímos de Canela com destino a BR -101 e passamos por outra paisagem inesperada . Na RS-486 uma serra imensa vista por um mirante de restaurante na estrada , acompanhamos final do sol percorrendo o cume das montanhas . Esta estrada também nos foi muito atrativa tanto pelo visual como pelas suas curvas acentuadas e diferentes. Ao exemplo de 2 curvas 180 graus dentro de túneis na montanha. Nesta estrada também existem diversos restaurantes . Como era dia de feriado nacional , gramado estava cheio mas na 486 não. Serra que assemelha-se a do rio do rastro , estava quase deserta mesmo no feriado. Boa dica de passeio. Seguimos nela até a BR-101 e nesta de noite até Florianópolis . No último e décimo dia chegamos a São Paulo de malas cheias, motos sujas , espíritos exaltados e 5000 km a mais no odômetro da moto.



Canela - RS



RS-486


RS-486 km 8
Minhas impressões 

Adorei o Uruguai ! Paisagens , boas estradas , boa comida, bom vinho, hospitalidade. Pilotei de dia , de noite e mesmo com a dificuldade do frio de inverno e do vento, tinha o sentimento de não ser a minha última visita de moto àquele país. Fiquei familiarizado com a paixão pelo desenho do sol que lá vi , me emocionei com a arte e a história e ainda estou com a impressão que toda moto gostaria de viajar pelo Uruguai. Vi um céu de azul diferente com o sol sempre presente pela iluminação. Pilotar pelos pampas ver cavalos e vacas pela paisagem e perceber que estão também na arte e na cultura do povo Uruguaio foi uma das impressões  desta viagem de moto. Percorri estradas litorâneas que tinham o mar como visual e davam o formato de suas curvas. Praia e campo se fundem pela proximidade. As distâncias são curtas nas viagens mas a imensidão dos campos sem visual de limites geográficos parecem de uma terra sem fim. Quando alguém for de moto ao Uruguai, no verão ou no inverno, já sei o que ele vai sentir.
Forte Santa Teresa


Casa dos Pueblos












Colonia del  Sacramento

Praça de Los Toros

Parque do  Caracol - Gramado -RS




Parqueda Ferradura 

Rio Cai na Ferradura