terça-feira, 13 de junho de 2017

Era uma árvore bem velha:  O Patriarca

          Pensando em realizar uma viagem com direito a pernoite, idealizei diversos lugares e situações. Mais uma vez o clima foi quem escolheu. Previsão de sol sem nuvens e frio intenso, desenhei um roteiro passando pelo Parque Estadual do Vassununga em SP e terminando o dia no Mirante de Caconde. A saída foi em um sábado, dia 10 de junho bem cedo . Partimos em 4 motos ecléticas  (Heritage, Eu Marcelo; Scrambler, Denise Massoco; Tiger, Fernando Gigante e Street twin, Dêh Castelo). Fomos pela rodovia Anhanguera para conhecer a árvore milenar no parque que fica logo depois de Santa Rita do Passa Quatro. Lá pelas 10 horas chegamos. O parque tem um museu  bem de fronte a rodovia e cruzando a pista por baixo do viaduto há um pequeno trecho sem asfalto que leva até uma das áreas de conservação. Fica entre fazendas de cana e nesta data estava tudo limpo sem plantações . Estacionamos as motos e caminhamos cerca de 1 km em uma estradinha pela mata que tem diversas espécies de árvores com placas identificadoras.

Procurávamos o maior e mais antigo  Jequitiba-Rosa, conhecido como "O Patriarca".  Ele fica bem pronunciado pelo caminho com diversas placas e tem até um banco para admirá-lo . Sua circunferência chega a 12  metros, suas raízes se afastam muitos metros do tronco e deve ter idade entre 500 a 2000 mil anos segundo especialistas. Ficamos entre Pedro Álvares Cabral e Cristo. É impressionante. No dia seguinte saiu uma reportagem no globo rural informando que ele continua a crescer . Assistimos já no segundo dia de viagem, em Minas,
          Saímos do Parque e tentamos a cachoeira 3 quedas de Santa Rita mas estava em reforma. Prosseguimos para o mirante do Cristo , chamado Morro do Itatiaia. Não é difícil encontrá-lo, fica saindo da cidade na estrada para Tambaú. Esta tudo asfaltado até o mirante com 900 metros de altitude. Lá de cima é possível avistar algumas cidades. Avistei quatro. Mas dizem que podem ser vistas seis cidades em dias limpos. A fumaça na região sempre existe. Naquele clima de desprendimento e liberdade aproveitamos a estrada vazia e seguimos para almoçar em Tambaú. Quase 25 km até lá e descobrimos que os restaurantes fecham após 13 hs então fizemos um lanche e seguimos. Passamos por São Jose do Rio Pardo , destaque a ponte de ferro e logo depois a chegada em Caconde. Seguimos direto para o Mirante que fica fora da cidade. Passamos em frente ao aquário municipal, a barragem e achamos facilmente a estradinha de subida. Também toda asfaltada. Lá em cima havia uma lanchonete e um local espetacular . A visão 360 mostrava a represa , as montanhas e a cidade de Caconde. Tudo nos 1190 metros de altitude em um show de imagens pelo céu azul. Diversos bancos de cimento , pisos decorados e uma simbólica piramide de metal e de pedras traziam ao mirante um aspecto de praça chique. Ao lado um campo vasto e a queda da montanha na direção da represa. Haviam umas seriemas que vinham ao encontro dos turistas e pareciam mansas . Isto foi bem claro quando saí da lanchonete e encontrei uma na minha frente . Após tentar uma comunicação para aproximar mais do que necessitava para uma fotografia , ela desistiu de mim e foi embora sem nada de comida . As motos ficam a vista em um local do estacionamento próprio para elas e a tranquilidade do local inspira confiança. Aguardamos o pôr do sol. Nosso grande objetivo.

          A visão do pôr do sol se dá nas montanhas, lado contrário da represa por isso mesmo anoitecendo ainda víamos os raios da luminosidade amarela se fundindo com o céu negro dando uma mistura de linha azul e amarela. Conversa vai , conversa vem, as primeiras estrelas se aportam e quase repentinamente o céu estava todo estrelado às 18:30. Enquanto isso, na represa, cores lindas são refletidas como prata nas águas da represa. Depois das 19 hs a lua nos surpreendeu bem acima das águas. Lá embaixo no nível da água o efeito é demais. Partimos do mirante embebidos de tanto visual e estarrecidos com as diversas refrações da luz. Ligamos as motos satisfeitos.

          Fomos para Caconde experimentar a catedral do Chopp antes de nos recolher. Bem em frente a praça central da Igreja estacionamos e aproveitamos para jantar. Saimos da choperia já preocupados com o frio que sofremos na descida do mirante . Roupas de moto são boas para frio mas nem todas as luvas com boa proteção suportams as temperaturas abaixo de 10 graus. Seguimos pela estrada oposta ao mirante até a Pousada das Flores lá pelas 22 hs . Com duzentos metros de terra fora da rodovia chegamos . O porteiro nos aguardava . Muito frio , direto para o banho quente e cama.
          Dia seguinte acordei bem cedo 5 hs e fui vislumbrar o nascer do sol . Com os primeiros fachos de luz quase não aguentava com as mãos pelo frio intenso . Congelante ! Com a luz do sol dava para ver que a pousada estava em local alto e mais abaixo a névoa preenchia o vazio dos vales. A lua ainda permanecia neste raiar do sol. A quantidade de animais que acordavam junto também.

          Café da manhã espetacular , ligamos as motos . O Gigante (Fernando) e a Dêh seguiram para São Paulo para um compromisso, eu e Denise fizemos outro caminho. Queríamos passar na serra do Campestrinho. Uma vicinal saindo de Divinolândia até Poços de Caldas. E assim foi. Uma viagem de céu azul e estradas limpas , campos verdes , montanhas desenhadas. Encontramos diversos motociclistas pelo caminho, sempre na tranquilidade. A chegada em Poços de Caldas já é mais tensa . A avenida de chegada na cidade inspira aventureiros da velocidade em duas rodas . Perigo até para os que não correm. Após alguns quitutes  e queijos para presentear quem fica nos aguardando seguimos para Andradas pela avenida Celanese . A estrada que esta a Compania Brasileira de Aluminio (CBA), que na época certa tem um  lindo visual pelas árvores e a estrada de ferro. Até  São Paulo fizemos 777 km na viagem toda. Não tivemos problemas com abastecimento nem com asfalto ruim. A sinalização é suficiente mas localizações geográficas pelo GPS são imprescindiveis para não perder tempo.
         Viajar de moto sem compromissos com horário e explorando regiões menores é um hobby que só motociclistas entendem . Quem pratica saboreia cada segundo. Ao desligar a moto em casa fica aquele sentimento de despedida e a pergunta: Onde será o próximo destino ?













Seriema





Café





Pousada das Flores


Cachorro dormindo no café